Após ler o livro dos mártires de #John_Fox, achei por bem registrar aqui o #martíriodosapóstolos segundo a narrativa do livro e convidar aos irmãos em Cristo que leiam e conheçam as histórias de fé e sangue daqueles que tem o verdadeiro testemunho de #Yeshua.
O livro de John Fox, não relata apenas o martírio dos Apóstolos e segue descrevendo as barbáries que foram cometidas e de forma que revela a crueldade humana dos pagãos da época.
SOBRE O AUTOR
John Fox (ou Foxe) nasceu em Boston, no condado de Lincolnshire
(Inglaterra) em 1517, onde se diz que seus pais viviam em
circunstâncias respeitáveis. Ficou órfão de pai numa idade precoce, e
apesar de que sua mãe logo voltou casar, permaneceu sob teto
paterno. Por sua precoce exibição de talento e disposição para o
estudo, seus amigos sentiram-se impelidos a enviá-lo a Oxford, para
cultivá-lo e levá-lo à maturidade.
EPÍLOGO À EDIÇÃO ORIGINAL
E concluímos agora, bons leitores cristãos, este tratado que nos
ocupa, não por falta de matéria, senão para antes bem abreviar o tema
devido à imensidade de que trata. Enquanto isso, que a graça do
Senhor Jesus Cristo opere em ti, bondoso leitor, em todas tuas
diligentes leituras. E quando tenhas fé, dedica-te de tal modo a ler que
pela tua leitura possas aprender diariamente a conhecer aquilo que
possa ser de proveito para tua alma, que te possa ensinar experiência,
que te possa armar de paciência, e instruir-te mais e mais em todo
conhecimento espiritual, para teu perfeito consolo e salvação em Cristo
Jesus, nosso Senhor, a quem seja a glória in secula seculorum. Amém.
AUTOR: John Fox - SITE: www.graciasoberana.com -Cópia
#Estevão
Estevão foi o primeiro a padecer. Sua morte foi ocasionada pela fidelidade com que pregou o Evangelho aos delatores e assassinos de Cristo. A fúria desses homens elevou-se a tal ponto que arrastaram Estevão para fora da cidade e o apedrejaram até a morte Conforme se supõe, o martírio de Estevão deu-se entre a Páscoa seguinte da crucificação de nosso Senhor e o primeiro aniversário de sua ascensão, na primavera.
Seguiu-se então grande perseguição contra todos os que professavam crer em Cristo como Messias, ou profeta. Lucas relata que "fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e Samaria, exceto os apóstolos".
Cerca de dois mil cristãos, inclusive Nicanor, um dos sete diáconos, foi martirizado durante a "tribulação que sobreveio no tempo de Estevão".
#Tiago, o maior
O próximo mártir mencionado por Lucas, em Atos dos Apóstolos, é Tiago, filho de Zebedeu, irmão mais velho de João e parente de Nosso Senhor. (Sua mãe, Salomé, era prima de Maria.) Este segundo martírio aconteceu antes de completar dez anos da morte de Estevão. Tão logo foi designado governador da Judéia, Herodes Agripa, com o propósito de reconciliar-se com os judeus, suscitou intensa perseguição aos cristãos. No intuito de dar um golpe eficaz, lançou-se contra os seus dirigentes.
Não podemos deixar de mencionar o relato de um eminente escritor primitivo, Clemente de Alexandria. Conta-nos ele que, quando Tiago era conduzido ao lugar de seu martírio, seu acusador foi levado ao arrependimento e, caindo-lhe aos pés, pediu perdão e confessou-se cristão, decidindo ainda que o apóstolo não receberia sozinho a coroa do martírio. Juntos, foram decapitados. Assim, Tiago, o primeiro mártir apostólico, recebeu, decidido e bem disposto, aquele cálice que, afirmara ele ao nosso Salvador, estava pronto a beber. Timão e Pármenas sofreram o martírio na mesma época; o primeiro em Filipos, e o segundo em Macedônia. Estes acontecimentos ocorreram em 44 d.C.
#Filipe
Nasceu em Betsaída, Galiléia. Trabalhou diligentemente na Ásia Superior e sofreu o martírio em Heliópolis , na Frígia. Foi açoitado, lançado no cárcere, e depois crucificado em 54 d.C.
#Mateus
Era cobrador de impostos, nascido em Nazaré, Galiléia. Escreveu seu evangelho em hebraíco, que depois foi traduzido para o grego por Tiago, o Menor. Os cenários de seu labor foram Pártia e Etiópia. Este último foi também cenário de seu martírio; foi assassinado com uma alabarda, na cidade de Nadaba no ano 60 d.C.
#Tiago, o Menor
Alguns supõe que se tratava de um irmão de nosso Senhor, filho de José e de uma mulher que ele teve antes de Maria. Isto é muito duvidoso e concorda em demasia com a superstição católica de que Maria jamais teve outros filhos além de Jesus.Escolhido para supervisionar as igrejas de Jerusalém, foi o autor da Epístola que lhe leva o nome. Aos 99 anos, foi espancado e apedrejado pelos judeus que, finalmente, abriram-lhe o crânio com um garrote.
#Matias
Dele, sabe-se menos que da maioria dos discípulos. Foi escolhido para preencher a lacuna deixada por Judas. sofreu apedrejamento em jerusalém e em seguida foi decapitado.
#André
Irmão de Pedro, pregou o Evangelho a muitas nações da Ásia. Ao chegar, porém, a Edesa, foi preso e crucificado. As extremidades de sua cruz foram fixadas transversalmente no solo.Daí a origem do nome Cruz de Santo André.
#Marcos
Filho de judeus, da tribo de Levi. Supõe-se que foi convertido ao cristianismo por Pedro, a quem serviu como amanuense, e sob sua supervisão, escreveu seu evangelho em grego. Marcos foi arrastado e despedaçado pela população de Alexandria, na grande solenidade do ídolo Serapis, tendo terminado sua vida terrena em mãos implacáveis.
#Pedro
Dentre muitos outros santos, o bem aventurado apóstolo Pedro foi condenado à morte e crucificado em Roma, segundo escreveram alguns. Outros contudo, não sem boas razões duvidam disso. Hegespino conta que o povo, ao perceber que Nero procurava razões contra Pedro para matá-lo, rogou insistentemente ao apóstolo que fugisse da cidade. Persuadido pela insistência deles, Pedro dispô-se a fugir. Ao chegar, porém, a porta, viu o Senhor Jesus Cristo que lhe vinha ao encontro. Adorando-o, Pedro indagou: "Senhor, para onde vais?" Ao que ele respondeu: "Vou para ser de novo crucificado". Pedro, ao dar-se conta de que era de seu sofrimento que o Senhor falava, voltou à cidade. Jerônimo afirma que foi crucificado de cabeça para baixo, por petição própria, por julgar-se indigno de ser crucificado da mesma maneira que o seu Senhor.
#Paulo
Outro que por seu enorme e indescritível trabalho na promoção do Evangelho de Cristo, sofreu nessa primeira perseguição de Nero, foi o apóstolo Paulo. Conta Abdias que, quando se deliberou a respeito de sua execução, o imperador enviou dois de seus cavaleiros, Ferega e Partemio, para dar-lhe a notícia de que seria morto. Ao chegarem ao apóstolo, que instruía o povo, pediram-lhe que orasse por eles para que cressem. Paulo garantiu-lhes que creriam em breve e seriam batizados diante do seu túmulo. Logo vieram os soldados e o levaram ao lugar das execuções onde, depois de haver orado, ofereceu o pescoço à espada.
#Judas
Escritor de uma das epístolas universais, era comumente chamado Tadeu. Foi crucificado em Edesa, em 72 d.C.
#Bartolomeu
Pregou em vários países e, ao traduzir o evangelho de Mateus para um dos idiomas da Índia, propagou-o neste país. Por último, foi cruelmente açoitado e crucificado pelos conturbados idolatras.
#Tomé
Chamado Dídimo, pregou o evangelho em Partia e na Índia, onde ao provocar a ira dos sacerdotes pagãos, morreu com uma lança.
#Lucas
Foi o autor do evangelho que leva o seu nome. Viajou com Paulo a vários países e supõe-se que tenha sido pendurado em uma oliveira pelos idólatras sacerdotes da Grécia.
#Simão
De sobrenome Zelote, pregou o evangelho na Mauritânia, Africa e até na Grã-Bretanha, onde foi crucificado em 74 d.C.
#João
O "discípulo-amado" era irmão de Tiago o Maior. As igrejas de Esmirna, Pérgamo, Sardes, Filadélfia, Laodiceia e Tiatira foram fundadas por ele. Enviado de Éfeso a Roma, conta-se que foi jogado num caldeirão de óleo fervente, de onde escapou milagrosamente, sem dano algum.Domiciano exilou-o na ilha de Patmos, onde escreveu o livro de Apocalipse. Nerva, o sucessor de Domiciano, libertou-o. Dentre todos os apóstolos, foi o único a ter morte natural,
#Barnabé
Este era de Chipre, porem de descendência judaica. Supõe-se que a sua morte tenha ocorrido por volta do ano 73 d.C,
A despeito das contínuas perseguições e dos severos castigos, a Igreja crescia sem parar. Estava profundamente arraigada na doutrina dos apóstolos e era abundantemente regada com o sangue dos mártires.
Os relatos deste livro são de tal forma cruentas e denunciadora das maldades humanas que é possível sentir-se em grande revolta, não só pela perseguição aos cristãos levada a cabo, mas pela crueldade humana praticada.
A primeira perseguição
Ano 67, sob Nero, o sexto imperador de Roma.
ordenou que a cidade de Roma fosse incendiada. Enquanto Roma estava em chamas, subiu na torre de Mecenas, tocando a lira e cantando o cântico do incêndio de Tróia.
Milhares de pessoas pereceram nas chamas,ou se afogaram com a fumaça, ou foram sepultados sob as ruínas num incêndio que durou nove anos. Quando Nero descobriu que sua conduta era intensamente censurada, e causada ódio até entre os romanos, decidiu inculpar os cristãos.
Esta foi a causa da primeira perseguição; e as brutalidades cometidas contra os cristãos foram tais que inclusive moveram os próprios romanos à compaixão.
Nero inventou todo tipo de castigos contra os cristãos que pudesse imaginar e particularmente, fez que alguns deles fossem costurados em peles de animais silvestres, lançando-os aos cães até morrerem; a outros os vestiu de camisas untadas com cera, amarrando-os a postes, e os incendiou nos seus jardins para iluminá-los.
Esta perseguição foi geral por todo o Império Romano; porém mais bem aumentou que diminuiu o espírito do cristianismo.
Foi durante esta perseguição que foram martirizados são Paulo e são Pedro, Erasto, tesoureiro de Corinto; Aristarco, o macedônio, e Trófimo de Éfeso, convertido por são Paulo e seu colaborador, assim como José, comumente chamado Barsabé e Ananias, bispo de Damasco; cada um dos Setenta.
A segunda perseguição, sob Domiciano, em 81 d.C.
O imperador Domiciano, também inclinado à crueldade, e logo suscitou a segunda perseguição contra os cristãos. Em seu furor deu morte a alguns senadores romanos, a alguns por malícia, e a outros para confiscar seus bens. Depois mandou que todos os pertencentes à linhagem de Davi fossem executados.
Entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição estavam Simeão, bispo de Jerusalém, que foi crucificado, e são João, que foi fervido em óleo e depois desterrado a Patmos.
Flavia, filha de um senador romano, foi do mesmo modo desterrada ao Ponto; e se ditou uma lei dizendo: "Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento do castigo sem que renuncie a sua religião".
Durante este reinado muitas mentiras foram inventadas com o fim de culpar aos cristãos. Tal era a paixão dos pagãos que toda fome, epidemia ou terremoto que assolasse qualquer das províncias romanas, era atribuída aos cristãos. Estas perseguições contra os cristãos aumentaram o número de informantes, e muitos, movidos pela cobiça, testemunharam em falso contra as vidas de inocentes.
Outra dificuldade foi que quando qualquer cristão era levado ante os tribunais, era submetido a um juramento de prova, e se recusavam tomá-lo, eram sentenciados a morte; também, se confessavam serem cristãos, a sentença era a mesma.
Os mais destacados entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição foram Dionísio, o areopagita, era ateniense de nascimento, e foi instruído em toda a literatura útil e estética da Grécia. Viajou depois a Egito para estudar astronomia, e realizou observações muito precisas do grande eclipse sobrenatural que teve lugar no tempo da crucifixão de nosso Senhor.
A santidade de sua forma de viver e a pureza de suas maneiras o recomendaram de tal modo entre os cristãos em geral que foi designado bispo de Atenas.
Nicodemo, um benevolente cristão de alguma distinção, sofreu na Roma durante o furor da perseguição de Domiciano.
Protásio e Gervásio foram martirizados em Milan.
Timóteo, o célebre discípulo de são Paulo, foi bispo de Éfeso, onde governou zelosamente a Igreja até o 97 d.C. neste tempo, quando os pagãos estavam para celebrar uma festa chamada Catagogião, Timóteo, enfrentando-se à procissão, os repreendeu severamente por sua ridícula idolatria, o que exasperou de tal modo a plebe que caíram sobre ele com paus, e o espancaram de maneira tão terrível que expirou dois dias depois pelo efeito dos golpes.
A perseguição, sob Trajano, 108 d.C.
Na terceira perseguição, Plínio o Jovem, homem erudito e famoso,
movido pela compaixão, escreveu a Trajano, comunicando-lhe que havia muitos milhares deles que eram mortos a diário, que não tinham feito nada contrário à lei de Roma, motivo pelo qual não mereciam perseguição.
"Tudo o que eles contavam acerca de seu crime ou erro (como deva chamar-se) só consistia nisto: que costumavam reunir-se em determinado dia antes do amanhecer, e repetirem juntos uma oração composta de honra de Cristo como Deus, e em comprometer-se por obrigação não certamente a cometer maldade alguma, senão ao contrário, a nunca cometer furtos, roubos ou adultério, a nunca falsear a palavra, a nunca defraudar ninguém; depois do qual era costume separar-se, e voltar a reunir-se depois para participar em comum de uma comida inocente".
Nesta perseguição sofreram o bem-aventurado mártir Inácio, quem é tido em grande reverência entre muitos. Este Inácio tinha sido designado para o bispado de Antioquia, seguindo a Pedro na sucessão.
Alguns dizem que ao ser enviado da Síria para a Roma, porque professava a Cristo, foi entregue às feras para ser devorado. Também se diz dele que quando passou pela Ásia (a atual Turquia), estando sob o mais estrito cuidado de seus guardiões, fortaleceu e confirmou as igrejas por todas as cidades por onde passava, tanto com suas exortações como predicando a Palavra de Deus. Assim, tendo negado a Esmirna, escreveu à Igreja de Roma, exortando-os para que não empregassem médio algum para libertá-lo de seu martírio, não fosse que o privassem daquilo que mais anelava e esperava.
"Agora começo a ser um discípulo. nada me importa das coisas visíveis ou invisíveis, para poder somente ganhar a Cristo. Que o fogo e a cruz, que manadas de bestas selvagens, que a ruptura dos ossos e a dilaceração de todo o corpo, e que toda a malícia do diabo venham sobre mim; assim seja, se só puder ganhar a Cristo Jesus!". E inclusive quando foi sentenciado a ser lançado às feras, tal era o ardente desejo que tinha de padecer, que dizia, cada vez que ouvia rugir os leões: "Sou o trigo de Cristo; vou ser moído com os dentes de feras selvagens para que possa ser achado pão puro".
Perseguição por Adriano.
Adriano, prosseguiu esta terceira perseguição com tanta severidade como Trajano, seu antecessor. Por volta desta época foram martirizados Alexandre, bispo de Roma, e seus dois diáconos; também Quirino e Hermes, com suas famílias; Zeno, um nobre romano, e por volta de outros dez mil cristãos. Muitos foram crucificados no Monte Ararate, coroados de espinhos, sendo traspassados com lanças. Eustáquio, um valoroso comandante romano, com muitos êxitos militares, recebeu a ordem de parte do imperador de unir-se a um sacrifício idólatra para celebrar algumas de suas próprias vitórias.
Porém sua fé (pois era cristão de coração) era tanto maior que sua vaidade, que recusou nobremente. Enfurecido por esta negativa, o ingrato imperador esqueceu os serviços deste destro comandante, e ordenou seu martírio e o de toda sua família.
No martírio de Faustines e Jovitas, que eram irmãos e cidadãos de Bréscia, tantos foram seus padecimentos e tão grande sua paciência,
que Calocério, um pagão, contemplando-os, ficou absorto de admiração e exclamou, num arrebato: "Grande é o Deus dos cristãos!", pelo qual foi preso e foi-lhe feito o mesmo sofrimento deles.
Muitas outras crueldades e rigores tiveram de padecer os cristãos, até que Quadratus, bispo de Atenas, fez uma erudita apologia em seu favor perante o imperador, que estava então presente, e Aristides, um filósofo da mesma cidade, escreveu uma elegante epístola, o que levou Adriano a diminuir sua severidade e a ceder em favor deles.
Adriano, ao morrer no 138 d.C., foi sucedido por Antonino Pio, um dos mais gentis monarcas que jamais reinou, e que deteve as perseguições contra os cristãos.
A quarta perseguição, sob Marco Aurélio Antonino, 162 d.C.
Marco Aurélio sucedeu no trono no ano 161 de nosso Senhor, era um homem de natureza mais rígida e severa, e embora elogiável no estudo da filosofia e em sua atividade de governo, foi duro e feroz
contra os cristãos, e desencadeou a quarta perseguição.
As crueldades executadas nesta perseguição foram de tal calibre que muitos dos espectadores se estremeciam de horror ao vê-las, e ficavam atônitos ante o valor dos sofredores. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhas, pregos, aguçadas conchas, etc., colocados em ponta; outros eram açoitados
até que ficavam à vista seus tendões e veias e, depois de ter sofrido os mais atrozes sofrimentos que puderam inventar-se, eram destruídos pelas mortes mais temíveis.
Germânico, um homem jovem, porém verdadeiro cristão, sendo entregue às feras por causa de sua fé, conduziu-se com um valor tão assombroso que vários pagãos se converteram naquela fé que inspirava tal arrojo.
Policarpo, o venerável bispo de Esmirna, ocultou-se ao ouvir que estavam procurando-o, mas foi descoberto por uma criança. Depois de dar uma comida aos guardas que o haviam prendido, pediu-lhes uma hora de oração, o que lhe foi permitido, e orou com tal fervor que os guardas que o haviam prendido lamentaram tê-lo feito. Contudo, levaram-no ante o pró-cônsul, e foi condenado e queimado na praça do mercado.
O pró-cônsul o pressionou, dizendo: "Jura, e dar-te-ei a liberdade: blasfema contra Cristo".
Policarpo respondeu-lhe: "Durante oitenta e seis anos tenho servido a Ele, e nunca me fez mal algum: Como iria eu a blasfemar contra meu Rei, que me salvou?"
Na estaca foi somente amarrado, e não pregado segundo o costume, porque assegurou-lhes que ia a ficar imóvel; ao acender-se a fogueira, as chamas rodearam seu corpo, como um arco, sem tocá-lo; então deram ordem ao carrasco para traspassá-lo com sua espada, com o qual manou tal quantidade de sangue que apagou o fogo.
Metrodoro, um ministro que predicava denodadamente, e Pionio, quem fez várias excelentes apologias da fé cristã, foram também queimados. Carpo e Papilo, dois dignos cristãos, e Agatônica, uma piedosa mulher, sofreram o martírio em Pergamopolis, na Ásia.
Felicitate, uma ilustre dama romana, de uma família de boa posição, e muito virtuosa, era uma devota cristã. Tinha sete filhos, aos que tinha educado na mais exemplar piedade.
Enero, o mais velho, foi flagelado e prensado até morrer com pesas;
Felix e Felipe, que o seguiam em idade, foram descerebrados com paus; Silvano, o quarto, foi assassinado sendo lançado de um precipício; e os três filhos menores, Alexandre, Vital e Marcial, foram decapitados. A mãe foi depois decapitada com a mesma espada que os
outros três.
Justino, o célebre filósofo, morreu mártir nesta perseguição. Era natural de Napolis, em Sarnária, e tinha nascido o 103 d.C. foi um grande amante da verdade e erudito universal; investigou as filosofias estóica e peripatética, e provou a pitagórica, porém, desgostando-lhe a conduta de um de seus professores, investigou a platônica, na qual achou grande deleite. Por volta do ano 133, aos trinta anos de idade, se converteu ao cristianismo, e então, por vez primeira, percebeu a verdadeira natureza da verdade.
Escreveu uma elegante epístola aos gentios, e empregou seus talentos para convencer os judeus da verdade dos ritos cristãos.
Dedicou grande tempo a viajar, até que estabeleceu residência em Roma, no monte Viminal.
Abriu uma escola pública, ensinou a muitos que posteriormente foram personagens proeminentes, e escreveu um tratado para confrontar as heresias de todo tipo. Quando os pagãos começaram a tratar os cristãos com grande severidade, Justino escreveu sua
primeira apologia em favor deles. Este escrito exibe uma grande erudição e gênio, e fez com que o imperador publicasse um édito em favor dos cristãos.
Pouco depois entrou em freqüentes discussões com Crescente, pessoa de vida viciosa, mas que era célebre filósofo cínico; os argumentos de Justino foram tão poderosos, porém odiosos para o cínico, que decidiu, e conseguiu, sua destruição.
A segunda apologia de Justino, devido a determinadas coisas que continha, deu ao cínico Crescente uma oportunidade para predispor o imperador em contra de seu autor, e por isto Justino foi preso, junto com seis companheiros dele. Ao ser-lhe ordenado que sacrificasse aos ídolos pagãos, recusaram, e foram condenados a serem açoitados e depois decapitados; esta sentença se cumpriu com toda a severidade imaginável.
Marcelo, bispo de Roma, ao ser desterrado por sua fé, caiu mártir das desgraças que sofreu no exílio, o 16 de janeiro de 310.
Pedro, o décimo sexto bispo de Alexandria, foi martirizado o 25 de novembro de 311, por ordem de Máximo César, que reinava no leste.
Inês, uma donzela de só treze anos, foi decapitada por ser cristã; também o foi Serena, a esposa imperatriz de Diocleciano.
Valentino, seu sacerdote, sofreu a mesma sorte em Roma; e Erasmo, bispo, foi martirizado na Campânia.
Pouco depois disto, a perseguição diminuiu nas zonas centrais do império, assim como no ocidente; e a Providência começou finalmente a manifestar vingança contra os perseguidores. Maximiano tentou corromper sua filha Fausta para dar morte a seu marido Constantino; ela o revelou a este, e Constantino obrigou-o a escolher sua própria morte, com o que Maximiano decidiu-se pela ignomínia de ser pendurado depois de ter sido imperador quase vinte anos.
FORAM DEZ OS PERÍODOS DE PERSEGUIÇÃO RELATADOS POR FOX DESDE O INÍCIO ATÉ O ANO DE 313 .
Constantino era o bom e virtuoso filho de um pai também bom e virtuoso, e nasceu na Grã Bretanha. Sua mãe se chamava Helena, filha do rei Coilo. Era um príncipe muito generoso e gentil, tendo o desejo de cuidar da educação e das belas artes, e freqüentemente ele mesmo lia, escrevia e estudava. Teve um maravilhoso êxito e prosperidade em tudo quanto empreendeu, o que supus que provinha disto (o que assim era com certeza): que era um grande favorecedor da fé cristã. Fé que, quando abraçou, o fez com a mais devota e religiosa reverência.
Assim Constantino, suficientemente dotado de forças humanas, mas especialmente dotado por Deus, empreendeu caminho a Itália durante o último ano da perseguição, o 313 d.C. Majêncio, ao saber da chegada de Constantino, e confiando mais em sua diabólica arte mágica que na boa vontade de seus súditos —vontade que bem pouco merecia—, não ousou mostrar-se fora da cidade nem se enfrentar com ele em campo aberto, senão que emboscou varias guarnições ocultas em diversos lugares estreitos por onde aquele deveria passar, com as quais Constantino se bateu em diversas escaramuças, vencendo-as pelo poder de Deus.
Não obstante, Constantino não estava ainda em paz, senão com grandes ansiedades e temor em sua mente (aproximando-se agora de Roma), devido aos encantamentos e feitiçarias de Majêncio, com as que havia vencido contra Severo, a quem Galério tinha enviado contra ele. Por isso, estando em grande dúvidas e perplexidade em si mesmo,
e dando voltas a muitas coisas em sua mente, acerca de que ajuda poderia ter contra as operações de sua mágica, Constantino, aproximando-se em sua viagem à cidade, e elevando muitas vezes os olhos para o céu, viu no sul, quando o sol estava se pondo, um grande resplendor no céu, que parecia uma cruz, dando esta inscrição: "In hoc vince", ou seja: "Vence por meio disto".
Eusébio Pânfilo dá testemunho de que ele ouvu o próprio Constantino repetir várias vezes, e também jurar que era coisa verdadeira e certa o que tinha visto com seus próprios olhos no céu, e também os soldados com ele. Ao ver aquilo ficou grandemente atônito, e consultando com seus homens acerca do significado disso, então se apareceu a ele Cristo, convidando-o a tomá-la como sinal, e a levá-la em suas guerras diante dele, e que assim obteria a vitória.
Constantino estabeleceu de tal modo a paz da Igreja que pelo espaço de mil anos não lemos de nenhuma perseguição contra os cristãos, até o tempo de John Wickliffe.
Tão feliz, tão gloriosa foi a vitória de Constantino, de sobrenome o Grande! Pelo gozo e a alegria da qual os cidadãos que antes tinham mandado prendê-lo, o buscaram para levá-lo em grande triunfo na cidade de Roma, onde foi recebido com grandes honras e celebrado por sete dias seguidos; além disso, fez levantar no mercado sua imagem, sustentando na destra o sinal da cruz, com esta inscrição: "Com este sinal de saúde, o verdadeiro signo de fortaleza, resgatei e libertei vossa cidade do jugo do tirano".
Terminaremos nosso relato da décima e última perseguição geral com a morte de são Jorge, o santo titular e patrono da Inglaterra. São Jorge nasceu em Capadócia, de pais cristãos, e, dando prova de seu valor, foi ascendido no exército do imperador Diocleciano. Durante a perseguição, são Jorge abandonou sua comissão, foi valentemente até o senado e manifestou abertamente sua condição de cristão, aproveitando a ocasião para protestar contra o paganismo, e para indicar o absoluto de dar culto a ídolos. Esta liberdade provocou de tal modo o senado que deram ordem de torturar a Jorge, o qual foi, por ordem do imperador, arrastado pelas ruas e decapitado no dia seguinte.
A lenda do dragão, associada com este martírio, é usualmente ilustrada representando a são Jorge sentado sobre um cavalo lançado ao ataque, traspassando o mostro com sua lança. Este dragão ardente simboliza o diabo, que foi vencido pela firme fé de são Jorge em Cristo, que permaneceu imutável a pesar do tormento e da morte.
A primeira perseguição
Ano 67, sob Nero, o sexto imperador de Roma.
ordenou que a cidade de Roma fosse incendiada. Enquanto Roma estava em chamas, subiu na torre de Mecenas, tocando a lira e cantando o cântico do incêndio de Tróia.
Milhares de pessoas pereceram nas chamas,ou se afogaram com a fumaça, ou foram sepultados sob as ruínas num incêndio que durou nove anos. Quando Nero descobriu que sua conduta era intensamente censurada, e causada ódio até entre os romanos, decidiu inculpar os cristãos.
Esta foi a causa da primeira perseguição; e as brutalidades cometidas contra os cristãos foram tais que inclusive moveram os próprios romanos à compaixão.
Nero inventou todo tipo de castigos contra os cristãos que pudesse imaginar e particularmente, fez que alguns deles fossem costurados em peles de animais silvestres, lançando-os aos cães até morrerem; a outros os vestiu de camisas untadas com cera, amarrando-os a postes, e os incendiou nos seus jardins para iluminá-los.
Esta perseguição foi geral por todo o Império Romano; porém mais bem aumentou que diminuiu o espírito do cristianismo.
Foi durante esta perseguição que foram martirizados são Paulo e são Pedro, Erasto, tesoureiro de Corinto; Aristarco, o macedônio, e Trófimo de Éfeso, convertido por são Paulo e seu colaborador, assim como José, comumente chamado Barsabé e Ananias, bispo de Damasco; cada um dos Setenta.
A segunda perseguição, sob Domiciano, em 81 d.C.
O imperador Domiciano, também inclinado à crueldade, e logo suscitou a segunda perseguição contra os cristãos. Em seu furor deu morte a alguns senadores romanos, a alguns por malícia, e a outros para confiscar seus bens. Depois mandou que todos os pertencentes à linhagem de Davi fossem executados.
Entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição estavam Simeão, bispo de Jerusalém, que foi crucificado, e são João, que foi fervido em óleo e depois desterrado a Patmos.
Flavia, filha de um senador romano, foi do mesmo modo desterrada ao Ponto; e se ditou uma lei dizendo: "Que nenhum cristão, uma vez trazido ante um tribunal, fique isento do castigo sem que renuncie a sua religião".
Durante este reinado muitas mentiras foram inventadas com o fim de culpar aos cristãos. Tal era a paixão dos pagãos que toda fome, epidemia ou terremoto que assolasse qualquer das províncias romanas, era atribuída aos cristãos. Estas perseguições contra os cristãos aumentaram o número de informantes, e muitos, movidos pela cobiça, testemunharam em falso contra as vidas de inocentes.
Outra dificuldade foi que quando qualquer cristão era levado ante os tribunais, era submetido a um juramento de prova, e se recusavam tomá-lo, eram sentenciados a morte; também, se confessavam serem cristãos, a sentença era a mesma.
Os mais destacados entre os numerosos mártires que sofreram durante esta perseguição foram Dionísio, o areopagita, era ateniense de nascimento, e foi instruído em toda a literatura útil e estética da Grécia. Viajou depois a Egito para estudar astronomia, e realizou observações muito precisas do grande eclipse sobrenatural que teve lugar no tempo da crucifixão de nosso Senhor.
A santidade de sua forma de viver e a pureza de suas maneiras o recomendaram de tal modo entre os cristãos em geral que foi designado bispo de Atenas.
Nicodemo, um benevolente cristão de alguma distinção, sofreu na Roma durante o furor da perseguição de Domiciano.
Protásio e Gervásio foram martirizados em Milan.
Timóteo, o célebre discípulo de são Paulo, foi bispo de Éfeso, onde governou zelosamente a Igreja até o 97 d.C. neste tempo, quando os pagãos estavam para celebrar uma festa chamada Catagogião, Timóteo, enfrentando-se à procissão, os repreendeu severamente por sua ridícula idolatria, o que exasperou de tal modo a plebe que caíram sobre ele com paus, e o espancaram de maneira tão terrível que expirou dois dias depois pelo efeito dos golpes.
A perseguição, sob Trajano, 108 d.C.
Na terceira perseguição, Plínio o Jovem, homem erudito e famoso,
movido pela compaixão, escreveu a Trajano, comunicando-lhe que havia muitos milhares deles que eram mortos a diário, que não tinham feito nada contrário à lei de Roma, motivo pelo qual não mereciam perseguição.
"Tudo o que eles contavam acerca de seu crime ou erro (como deva chamar-se) só consistia nisto: que costumavam reunir-se em determinado dia antes do amanhecer, e repetirem juntos uma oração composta de honra de Cristo como Deus, e em comprometer-se por obrigação não certamente a cometer maldade alguma, senão ao contrário, a nunca cometer furtos, roubos ou adultério, a nunca falsear a palavra, a nunca defraudar ninguém; depois do qual era costume separar-se, e voltar a reunir-se depois para participar em comum de uma comida inocente".
Nesta perseguição sofreram o bem-aventurado mártir Inácio, quem é tido em grande reverência entre muitos. Este Inácio tinha sido designado para o bispado de Antioquia, seguindo a Pedro na sucessão.
Alguns dizem que ao ser enviado da Síria para a Roma, porque professava a Cristo, foi entregue às feras para ser devorado. Também se diz dele que quando passou pela Ásia (a atual Turquia), estando sob o mais estrito cuidado de seus guardiões, fortaleceu e confirmou as igrejas por todas as cidades por onde passava, tanto com suas exortações como predicando a Palavra de Deus. Assim, tendo negado a Esmirna, escreveu à Igreja de Roma, exortando-os para que não empregassem médio algum para libertá-lo de seu martírio, não fosse que o privassem daquilo que mais anelava e esperava.
"Agora começo a ser um discípulo. nada me importa das coisas visíveis ou invisíveis, para poder somente ganhar a Cristo. Que o fogo e a cruz, que manadas de bestas selvagens, que a ruptura dos ossos e a dilaceração de todo o corpo, e que toda a malícia do diabo venham sobre mim; assim seja, se só puder ganhar a Cristo Jesus!". E inclusive quando foi sentenciado a ser lançado às feras, tal era o ardente desejo que tinha de padecer, que dizia, cada vez que ouvia rugir os leões: "Sou o trigo de Cristo; vou ser moído com os dentes de feras selvagens para que possa ser achado pão puro".
Perseguição por Adriano.
Adriano, prosseguiu esta terceira perseguição com tanta severidade como Trajano, seu antecessor. Por volta desta época foram martirizados Alexandre, bispo de Roma, e seus dois diáconos; também Quirino e Hermes, com suas famílias; Zeno, um nobre romano, e por volta de outros dez mil cristãos. Muitos foram crucificados no Monte Ararate, coroados de espinhos, sendo traspassados com lanças. Eustáquio, um valoroso comandante romano, com muitos êxitos militares, recebeu a ordem de parte do imperador de unir-se a um sacrifício idólatra para celebrar algumas de suas próprias vitórias.
Porém sua fé (pois era cristão de coração) era tanto maior que sua vaidade, que recusou nobremente. Enfurecido por esta negativa, o ingrato imperador esqueceu os serviços deste destro comandante, e ordenou seu martírio e o de toda sua família.
No martírio de Faustines e Jovitas, que eram irmãos e cidadãos de Bréscia, tantos foram seus padecimentos e tão grande sua paciência,
que Calocério, um pagão, contemplando-os, ficou absorto de admiração e exclamou, num arrebato: "Grande é o Deus dos cristãos!", pelo qual foi preso e foi-lhe feito o mesmo sofrimento deles.
Muitas outras crueldades e rigores tiveram de padecer os cristãos, até que Quadratus, bispo de Atenas, fez uma erudita apologia em seu favor perante o imperador, que estava então presente, e Aristides, um filósofo da mesma cidade, escreveu uma elegante epístola, o que levou Adriano a diminuir sua severidade e a ceder em favor deles.
Adriano, ao morrer no 138 d.C., foi sucedido por Antonino Pio, um dos mais gentis monarcas que jamais reinou, e que deteve as perseguições contra os cristãos.
A quarta perseguição, sob Marco Aurélio Antonino, 162 d.C.
Marco Aurélio sucedeu no trono no ano 161 de nosso Senhor, era um homem de natureza mais rígida e severa, e embora elogiável no estudo da filosofia e em sua atividade de governo, foi duro e feroz
contra os cristãos, e desencadeou a quarta perseguição.
As crueldades executadas nesta perseguição foram de tal calibre que muitos dos espectadores se estremeciam de horror ao vê-las, e ficavam atônitos ante o valor dos sofredores. Alguns dos mártires eram obrigados a passar, com os pés já feridos, sobre espinhas, pregos, aguçadas conchas, etc., colocados em ponta; outros eram açoitados
até que ficavam à vista seus tendões e veias e, depois de ter sofrido os mais atrozes sofrimentos que puderam inventar-se, eram destruídos pelas mortes mais temíveis.
Germânico, um homem jovem, porém verdadeiro cristão, sendo entregue às feras por causa de sua fé, conduziu-se com um valor tão assombroso que vários pagãos se converteram naquela fé que inspirava tal arrojo.
Policarpo, o venerável bispo de Esmirna, ocultou-se ao ouvir que estavam procurando-o, mas foi descoberto por uma criança. Depois de dar uma comida aos guardas que o haviam prendido, pediu-lhes uma hora de oração, o que lhe foi permitido, e orou com tal fervor que os guardas que o haviam prendido lamentaram tê-lo feito. Contudo, levaram-no ante o pró-cônsul, e foi condenado e queimado na praça do mercado.
O pró-cônsul o pressionou, dizendo: "Jura, e dar-te-ei a liberdade: blasfema contra Cristo".
Policarpo respondeu-lhe: "Durante oitenta e seis anos tenho servido a Ele, e nunca me fez mal algum: Como iria eu a blasfemar contra meu Rei, que me salvou?"
Na estaca foi somente amarrado, e não pregado segundo o costume, porque assegurou-lhes que ia a ficar imóvel; ao acender-se a fogueira, as chamas rodearam seu corpo, como um arco, sem tocá-lo; então deram ordem ao carrasco para traspassá-lo com sua espada, com o qual manou tal quantidade de sangue que apagou o fogo.
Metrodoro, um ministro que predicava denodadamente, e Pionio, quem fez várias excelentes apologias da fé cristã, foram também queimados. Carpo e Papilo, dois dignos cristãos, e Agatônica, uma piedosa mulher, sofreram o martírio em Pergamopolis, na Ásia.
Felicitate, uma ilustre dama romana, de uma família de boa posição, e muito virtuosa, era uma devota cristã. Tinha sete filhos, aos que tinha educado na mais exemplar piedade.
Enero, o mais velho, foi flagelado e prensado até morrer com pesas;
Felix e Felipe, que o seguiam em idade, foram descerebrados com paus; Silvano, o quarto, foi assassinado sendo lançado de um precipício; e os três filhos menores, Alexandre, Vital e Marcial, foram decapitados. A mãe foi depois decapitada com a mesma espada que os
outros três.
Justino, o célebre filósofo, morreu mártir nesta perseguição. Era natural de Napolis, em Sarnária, e tinha nascido o 103 d.C. foi um grande amante da verdade e erudito universal; investigou as filosofias estóica e peripatética, e provou a pitagórica, porém, desgostando-lhe a conduta de um de seus professores, investigou a platônica, na qual achou grande deleite. Por volta do ano 133, aos trinta anos de idade, se converteu ao cristianismo, e então, por vez primeira, percebeu a verdadeira natureza da verdade.
Escreveu uma elegante epístola aos gentios, e empregou seus talentos para convencer os judeus da verdade dos ritos cristãos.
Dedicou grande tempo a viajar, até que estabeleceu residência em Roma, no monte Viminal.
Abriu uma escola pública, ensinou a muitos que posteriormente foram personagens proeminentes, e escreveu um tratado para confrontar as heresias de todo tipo. Quando os pagãos começaram a tratar os cristãos com grande severidade, Justino escreveu sua
primeira apologia em favor deles. Este escrito exibe uma grande erudição e gênio, e fez com que o imperador publicasse um édito em favor dos cristãos.
Pouco depois entrou em freqüentes discussões com Crescente, pessoa de vida viciosa, mas que era célebre filósofo cínico; os argumentos de Justino foram tão poderosos, porém odiosos para o cínico, que decidiu, e conseguiu, sua destruição.
A segunda apologia de Justino, devido a determinadas coisas que continha, deu ao cínico Crescente uma oportunidade para predispor o imperador em contra de seu autor, e por isto Justino foi preso, junto com seis companheiros dele. Ao ser-lhe ordenado que sacrificasse aos ídolos pagãos, recusaram, e foram condenados a serem açoitados e depois decapitados; esta sentença se cumpriu com toda a severidade imaginável.
Marcelo, bispo de Roma, ao ser desterrado por sua fé, caiu mártir das desgraças que sofreu no exílio, o 16 de janeiro de 310.
Pedro, o décimo sexto bispo de Alexandria, foi martirizado o 25 de novembro de 311, por ordem de Máximo César, que reinava no leste.
Inês, uma donzela de só treze anos, foi decapitada por ser cristã; também o foi Serena, a esposa imperatriz de Diocleciano.
Valentino, seu sacerdote, sofreu a mesma sorte em Roma; e Erasmo, bispo, foi martirizado na Campânia.
Pouco depois disto, a perseguição diminuiu nas zonas centrais do império, assim como no ocidente; e a Providência começou finalmente a manifestar vingança contra os perseguidores. Maximiano tentou corromper sua filha Fausta para dar morte a seu marido Constantino; ela o revelou a este, e Constantino obrigou-o a escolher sua própria morte, com o que Maximiano decidiu-se pela ignomínia de ser pendurado depois de ter sido imperador quase vinte anos.
FORAM DEZ OS PERÍODOS DE PERSEGUIÇÃO RELATADOS POR FOX DESDE O INÍCIO ATÉ O ANO DE 313 .
Constantino era o bom e virtuoso filho de um pai também bom e virtuoso, e nasceu na Grã Bretanha. Sua mãe se chamava Helena, filha do rei Coilo. Era um príncipe muito generoso e gentil, tendo o desejo de cuidar da educação e das belas artes, e freqüentemente ele mesmo lia, escrevia e estudava. Teve um maravilhoso êxito e prosperidade em tudo quanto empreendeu, o que supus que provinha disto (o que assim era com certeza): que era um grande favorecedor da fé cristã. Fé que, quando abraçou, o fez com a mais devota e religiosa reverência.
Assim Constantino, suficientemente dotado de forças humanas, mas especialmente dotado por Deus, empreendeu caminho a Itália durante o último ano da perseguição, o 313 d.C. Majêncio, ao saber da chegada de Constantino, e confiando mais em sua diabólica arte mágica que na boa vontade de seus súditos —vontade que bem pouco merecia—, não ousou mostrar-se fora da cidade nem se enfrentar com ele em campo aberto, senão que emboscou varias guarnições ocultas em diversos lugares estreitos por onde aquele deveria passar, com as quais Constantino se bateu em diversas escaramuças, vencendo-as pelo poder de Deus.
Não obstante, Constantino não estava ainda em paz, senão com grandes ansiedades e temor em sua mente (aproximando-se agora de Roma), devido aos encantamentos e feitiçarias de Majêncio, com as que havia vencido contra Severo, a quem Galério tinha enviado contra ele. Por isso, estando em grande dúvidas e perplexidade em si mesmo,
e dando voltas a muitas coisas em sua mente, acerca de que ajuda poderia ter contra as operações de sua mágica, Constantino, aproximando-se em sua viagem à cidade, e elevando muitas vezes os olhos para o céu, viu no sul, quando o sol estava se pondo, um grande resplendor no céu, que parecia uma cruz, dando esta inscrição: "In hoc vince", ou seja: "Vence por meio disto".
Eusébio Pânfilo dá testemunho de que ele ouvu o próprio Constantino repetir várias vezes, e também jurar que era coisa verdadeira e certa o que tinha visto com seus próprios olhos no céu, e também os soldados com ele. Ao ver aquilo ficou grandemente atônito, e consultando com seus homens acerca do significado disso, então se apareceu a ele Cristo, convidando-o a tomá-la como sinal, e a levá-la em suas guerras diante dele, e que assim obteria a vitória.
Constantino estabeleceu de tal modo a paz da Igreja que pelo espaço de mil anos não lemos de nenhuma perseguição contra os cristãos, até o tempo de John Wickliffe.
Tão feliz, tão gloriosa foi a vitória de Constantino, de sobrenome o Grande! Pelo gozo e a alegria da qual os cidadãos que antes tinham mandado prendê-lo, o buscaram para levá-lo em grande triunfo na cidade de Roma, onde foi recebido com grandes honras e celebrado por sete dias seguidos; além disso, fez levantar no mercado sua imagem, sustentando na destra o sinal da cruz, com esta inscrição: "Com este sinal de saúde, o verdadeiro signo de fortaleza, resgatei e libertei vossa cidade do jugo do tirano".
Terminaremos nosso relato da décima e última perseguição geral com a morte de são Jorge, o santo titular e patrono da Inglaterra. São Jorge nasceu em Capadócia, de pais cristãos, e, dando prova de seu valor, foi ascendido no exército do imperador Diocleciano. Durante a perseguição, são Jorge abandonou sua comissão, foi valentemente até o senado e manifestou abertamente sua condição de cristão, aproveitando a ocasião para protestar contra o paganismo, e para indicar o absoluto de dar culto a ídolos. Esta liberdade provocou de tal modo o senado que deram ordem de torturar a Jorge, o qual foi, por ordem do imperador, arrastado pelas ruas e decapitado no dia seguinte.
A lenda do dragão, associada com este martírio, é usualmente ilustrada representando a são Jorge sentado sobre um cavalo lançado ao ataque, traspassando o mostro com sua lança. Este dragão ardente simboliza o diabo, que foi vencido pela firme fé de são Jorge em Cristo, que permaneceu imutável a pesar do tormento e da morte.
O LIVRO
CAP 1: História dos mártires cristãos desde a primeira perseguição geral sob Nero ...//.. 10
CAP 2: As dez primeiras perseguições .........................................................................//.. 15
CAP 3: Perseguições contra os cristãos na Pérsia .......................................................//.. 44
CAP 4: Perseguições Papais ........................................................................................//.. 55
CAP 5: Uma história da Inquisição ...............................................................................//.. 73
CAP 6: História das perseguições na Itália sob o papado ...............................................101
CAP 7 - História da vida e perseguições contra John Wycliffe.................................... ....151
CAP 8 - História da perseguição na Boêmia ............................................................... ....156
CAP 9 - História da vida e perseguições de Martinho Lutero ........................................ ..177
CAP 10 - Perseguições gerais na Alemanha ................... ............................................../.185
CAP 11 - História das perseguições nos Países Baixos ....... ........................................./.192
CAP 12 - A vida e história do verdadeiro servo e mártir de Deus, William Tyndale.......... 197
CAP 13 - História da vida de João Calvino................... ................................................../.206
CAP 14 - História das perseguições na Grã Bretanha e Irlanda....................................../ 211
CAP 15 - História das perseguições na Escócia durante o reinado de Henrique VIII....... 220
CAP 16 - Perseguições na Inglaterra durante o reinado da Rainha Maria ....................... 230
CAP 17 - Surgimento e progresso da religião protestante na Irlanda, com um relato....... das bárbaras matanças de 1641.............................................................................................. 318
CAP 18 - O surgimento, progresso, perseguições e sofrimentos dos quáqueros ............ 336
CAP 19 - História da vida e perseguições de John Bunyan ............................................. 349
CAP 20 - História da vida de John Wesley ....................................................................... 352
CAP 21 - As perseguições contra os protestantes franceses no sul da França, durant....e os anos 1814 e 1820 ......................................................................................... 355
CAP 22 - O começo das missões americanas no estrangeiro .......................................... 373
EPÍLOGO À EDIÇÃO ORIGINAL ...................................................................................... 395
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previsão do dilúvio, séculos antes
os nomes da Legião dos Anjos caídos
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