9 de jan. de 2018

CARTA DE PÔNCIO PILATOS AO IMPERADOR ROMANO







CARTA DE PÔNCIO PILATOS AO IMPERADOR ROMANO




Pôncio Pilatos saúda o Imperador Tibério César.

Jesus Cristo, que te apresentei explicitamente nos meus últimos relatórios foi, finalmente, entregue a um duro suplício a pedido do povo, cujas instigações segui por medo e contra minha vontade. Um homem piedoso e austero como esse, não existiu nem existirá jamais em época alguma.
Mas a verdade é que houve um estranho empenho do povo para conseguir a crucificação deste embaixador da Verdade, além de uma conspiração de todos os escribas, chefes e anciãos, malgrado os avisos dos seus profetas, ou, como nós dizemos, as sibilas. E enquanto estava dependurado na cruz apareceram sinais que sobrepujavam as forças naturais e que pressagiavam, segundo o entendimento dos filósofos, a destruição de todo o mundo. Seus discípulos ainda vivem e não desdizem o Mestre nem suas obras e nem a pureza de sua vida; e continuam ainda fazendo muito bem em seu nome. Portanto, se não fosse pelo temor de uma possível revolta entre o povo que já estava quase enfurecido, talvez aquele insigne varão ainda pudesse estar entre os vivos. Atribui, pois, mais ao meu senso de fidelidade para contigo do que ao meu próprio capricho, o fato de não haver resistido com todas as minhas forças para que o sangue de um justo, isento de toda culpa, mas vítima da malícia humana, fosse perversamente vendido e sofresse toda a paixão.
Aliás, como dizem os intérpretes de suas escritas, poupá-lo redundaria em sua própria ruína. Adeus. O quinto dia das calendas de abril.

CARTA DE TIBÉRIO A PILATOS
O que se segue é a resposta de César Augusto a Pôncio Pilatos, governador da província  oriental. O próprio César acrescentou uma sentença de seu próprio punho e letra e enviou-a pelo mensageiro Raab, ao qual confiou, ainda, dois mil soldados:
"Uma vez que tiveste a ousadia de condenar Jesus Nazareno à morte, de uma maneira violenta e totalmente perversa e, antes mesmo de proclamar a sentença condenatória, puseste-O nas mãos dos insaciáveis e furiosos judeus; uma vez que, além disso, não tiveste compaixão deste justo, mas depois de ensanguentar o açoite e de submetê-lo a uma horrível sentença e ao tormento da flagelação, entregaste-o, sem nenhuma culpa de sua parte, ao suplício da crucificação, não sem antes haver aceitado presentes pela sua morte; uma vez que, enfim, manifestaste compaixão com os lábios, mas O entregaste de coração a alguns judeus sem lei; por tudo isto, serás tu próprio conduzido à minha presença, carregado de correntes, para que apresentes tuas desculpas e prestes contas da vida que entregaste à morte sem nenhum motivo. Mas, ai da tua dureza e da tua falta de vergonha! Desde que este fato chegou aos meus ouvidos, estou sofrendo na alma e sinto que minhas entranhas se espedaçam, pois veio a mim uma mulher, que se diz discípula d'Ele (Maria Madalena, de quem segundo afirma, expulsou sete demônios) e testemunhou que Jesus operou portentosas curas, fazendo com que cegos vissem, coxos pudessem andar, surdos pudessem ouvir, leprosos fossem limpos, e que todas estas curas aconteceram apenas com a sua palavra. Como concordaste que fosse crucificado sem nenhum motivo? Porque, se não querias aceitá-lo como Deus, deverias, pelo menos, ter-te compadecido d'Ele como médico que era. Até o próprio relatório que me chegou de tua parte está reclamando o teu castigo, já que nele afirmas que Aquele era superior a todos os deuses venerados por nós. Que se passou para que o entregasses à morte? Saibas, pois, que, assim como tu O condenaste  injustamente e O mandaste matar, da mesma maneira eu, com todo o direito, farei justiça contigo; e não somente contigo, mas também com todos os teus conselheiros e cúmplices dos quais recebeste o suborno da morte."
Então Tibério César entregou a carta aos emissários e, juntamente com ela, a sentença na qual ordenava por escrito que todo o povo dos judeus passasse pelo fio da espada e que Pilatos fosse trazido como réu até Roma, juntamente com os principais dentre os judeus,aqueles que à época eram governadores: Arquelao, filho do odiadíssimo Herodes, e seu cúmplice Filipo; o pontífice Caifás e Anás, seu sogro, e todos os demais judeus responsáveis.

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Assim, pois, Rachaab marchou com os soldados e fez como lhe haviam ordenado, passando pela espada todos os varões dentre os judeus, enquanto que as suas impuras mulheres ficavam expostas à violação dos pagãos, o que fez brotar uma ralé abominável, como, aliás, fora engendrado por Satã. Depois o emissário cuidou de Pilatos, de Arquelao e Filipo, de Anás e Caifás e de todos os responsáveis dentre os judeus, e, carregando-os de correntes, pôs-se com eles a caminho de Roma. Aconteceu que, ao passar por certa ilha chamada Creta, Caifás perdeu a vida de uma maneira violenta e miserável. Então, carregaram-no para sepultá-lo, mas nem sequer a terra dignou-se admiti-lo em seu seio, já que o arremessava para fora. Quando os que ali estavam presenciaram esse fato, apanharam pedras e arremessaram-nas sobre o cadáver, que foi desta forma enterrado. Os demais chegaram até Roma.
Existia entre os reis da antiguidade o costume de livrar da condenação um réu de morte que contemplasse o rosto real. César, então, deu as ordens necessárias para não se deixar ver por Pilatos. Assim, pois, meteram-no numa caverna e ali o deixaram, conforme as ordens do imperador.
Da mesma forma ordenou que Anás fosse envolto numa pele de boi, de modo que quando o couro secasse ao sol ele fosse constringido e suas entranhas saíssem pela boca.
Assim, violentamente, perdeu ele sua miserável vida. Aos demais presos judeus executou-os mandando passá-los pelo fio da espada. Mas a Arquelau, o filho do odiadíssimo de Herodes, e a seu cúmplice Filipo, condenou-os ao suplício da empalação.
Certo dia o imperador saiu de casa para uma caçada e ia em perseguição a uma gazela, quando esta parou precisamente em frente à boca da caverna onde estava Pilatos. Já próximo da execução, Pilatos tentou fixar seus olhos em César, mas não o conseguiu porque a gazela postou-se na frente dele. César então disparou uma flecha, visando o animal, mas o projétil atravessou a entrada da caverna e matou Pilatos. Todos aqueles que creem ser Cristo o verdadeiro Deus e nosso Salvador, glorificai-O e engrandecei-O, pois a Ele pertencem a bem-aventurança, a honra e a adoração junto ao seu Pai no princípio e seu
Espírito consubstancial, agora e sempre e por todos os séculos dos séculos. Amém.







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