Como plantar alface em hidroponia
A alface (Lactuca sativa L.), pertencente à família Asteraceae, tem origem asiática e foi trazida para o Brasil pelos portugueses no século XVI. A alface é a hortaliça folhosa de maior consumo no Brasil, sendo rica em vitaminas A e C e minerais como o ferro e o fósforo.
A alface é a espécie vegetal de maior expressão no sistema de cultivo em hidroponia, sendo que quase todos os produtores hidropônicos optam por ela devido a sua fácil adaptação ao sistema, no qual tem revelado alto rendimento e reduções de ciclo em relação ao cultivo convencional no solo. O principal sistema de produção hidropônica de alface utilizado no Brasil é o NFT (Nutrient Film Technique), o sistema floating também é utilizado, porém em menor escala.
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Mudas para cultivo de alface hidropônica:
Para produção de alface em hidroponia o produtor pode optar por comprar suas mudas, já formadas, em uma agropecuária, ou produzi-las em sua propriedade. Para produzir suas mudas ele deve:
- Adquirir sementes de alface peletizadas. Semente peletizadas facilita a semeadura e tem bom poder germinativo.
- Adquirir um substrato para a semeadura e crescimento das sementes de alface. É recomendado o uso de espuma fenólica.
- Fazer pequenas perfurações na espuma fenólica e adicionar uma semente em cada buraco.
- Após a semeadura deve-se irrigar a placa e acondiciona-la em um ambiente protegido, com temperaturas amenas.
- Após 24 horas, iniciar a iniciar a irrigação das placas com solução nutritiva.
- Após aproximadamente 7 dias as mudas estarão prontas para o transplante no sistema de cultivo hidropônico.
Mais informações você encontra em Como produzir mudas para hidroponia: Passo a Passo.
Sistema de cultivo:
O sistema mais usado no Brasil e no mundo para se produzir alface em hidroponia é o NFT.
Existem vários tipos e modos de sistemas NFT, mas o mais comum e barato é o sistema composto por canos de PVC. Nesse sistema, as plantas são alocadas em orifícios feitos ao longo do tubo de PVC, de modo que somente as raízes se estendam para dentro do cano. Dentro desse cano, flui constantemente um filme fino de solução nutritiva, entrando em contato com as raízes. Esses canos, são dispostos com uma pequena declividade, facilitando o escoamento da solução nutritiva que entra pela parte mais alta e escoa através das raízes até a parte mais baixa e retorna ao reservatório da solução. Para posterior bombeamento e recirculação no sistema.
Existem várias receitas de soluções nutritivas para cultivo de alface que podem ser compradas prontas. Ou o produtor pode optar por preparar sua própria solução com base em uma fórmula padrão.
É importante salientar que não existe uma que seja adequada para todas as culturas. Para cada espécie e condições de cultivo existe uma solução nutritiva mais adequada, dependendo da exigência nutricional.
A solução nutritiva mais utilizada para cultivo de alface é a desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas.
Fertilizante | g/1000L |
---|---|
Nitrato de cálcio Hydros® Especial | 750 |
Nitrato de potássio | 500 |
Fosfato monoamônio | 150 |
Sulfato de magnésio | 400 |
Sulfato de cobre | 0,15 |
Sulfato de zinco | 0,5 |
Sulfato de manganês | 1,5 |
Ácido bórico | 1,5 |
Molibdato de sódio | 0,15 |
Tenso-Fe® (FeEDDHMA-6% Fe) | 30 |
A solução nutritiva requer acompanhamento constante do produtor, pois ela é fundamental para o pleno desenvolvimento dos vegetais.
A temperatura da solução nutritiva deve permanecer entre 18 e 24°C. Fora dessa faixa a planta tem dificuldades em absorver os nutrientes.
O controle do pH da solução é igualmente importante para produção de alface. Um kit de teste deve ser usado para verificar o pH da solução diariamente. Recomenda-se a manutenção do pH em uma faixa ligeiramente ácida em 5,8 a 6,4. Se o pH estiver muito alcalino deve-se adicionar um ácido fraco na solução para baixar o pH. Se estiver muito baixo (ácido), deve-se adicionar a solução uma base fraca como o hidróxido de potássio para corrigir o pH.
A concentração dos nutrientes deve ser constantemente monitorada. Pois a medida que a planta se desenvolve ela retira água e nutrientes da solução. Para o monitoramento da concentração de nutrientes é utilizado um aparelho chamado condutivímetro. Sendo que a leitura ideal está na faixa de 1,5 a 3,5 miliSiemens/cm, que corresponde a 1.000 à 1.500 ppm de concentração total de íons (nutrientes) na solução. Veja mais cuidados que se devem ter com a solução nutritiva.
Condições do ambiente para produção hidropônica:
Para o cultivo de alface em hidroponia devem ser observadas algumas condições do ambiente para que o desenvolvimento da cultura seja pleno.
A umidade relativa do ar no ambiente de cultivo deve permanecer em torno de 70%. A alta umidade do ar pode promover o aparecimento de sintomas de deficiência de nutrientes, mesmo tendo nutrientes em abundância na solução nutritiva. Isso ocorre, pois em alta umidade no ambiente há pouca transpiração e com isso pouca translocação de água e nutrientes até as partes mais novas das folhas. Além disso, a alta umidade relativa do ar pode aumentar a incidência de doenças nas plantas.
A temperatura também é um fator muito importante, pois tanto em condições da altas ou baixas temperaturas as plantas podem cessar seu crescimento. Além disso, podem apresentar distúrbios fisiológicos que depreciam o valor do produto. A temperatura deve ser mantida em torno de 25°C.
Tanto a umidade quanto a temperatura podem ser corrigidas com a instalação de exaustores ou ventiladores nas estufas de cultivo.
Colheita e armazenagem:
A alface hidropônica é geralmente colhida com as raízes associadas a parte aérea. Quando muito longas as raízes podem ser aparadas com uma tesoura ou envolvidas em torno da aste inferior.
Mantendo as raízes a alface pode ser armazenada, sem perder a qualidade, por duas semanas, desde que seja armazenada em local com baixa temperatura em alta umidade.
Uma vantagem da hidroponia é que como não há terra envolvida na produção, a alface permanece limpa e não há necessidade de lavar antes de comercializar. As plantas podem ser embaladas individualmente.
Fonte:
FURLANI, P. R., SILVEIRA, L. C. P.; BOLONHEZI, D.; FAQUIM, V. Cultivo hidropônico de plantas. Campinas: Instituto Agronômico, 1999. 52p.